sexta-feira, 14 de novembro de 2008

PCs, banda larga e e-commerce elevam Brasil em índice de convergência

A Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação) divulgou na quinta-feira (13/11) a quarta edição do Índice Brasil para Convergência Digital (IBCD), relativo à situação do mercado em 2007. Nesta edição, o índice geral foi de 5,85 pontos, contra 5,80 pontos registrados em 2006.

De acordo com o presidente da Brasscom, Antonio Gil, o estudo fornece um retrato do que foi o mercado brasileiro de Tecnologia da Informação em 2007. “Ele nos permite avaliar resultados, políticas e, sobretudo, o que precisa ser feito no futuro”, disse. E não é pouco. Gil comentou que, se alguém tinha dúvidas sobre a importância da TI no atual contexto global, a crise está aí para provar o contrário.

De todo modo, ele lembrou que os comparativos entre a atual e as edições anteriores do IBCD servirão como base para o estabelecimento de objetivos do setor para os próximos três anos. “O Brasil é um país competente, mas precisa se tornar também competitivo”, afirmou.

Especificamente sobre o estudo, embora o avanço do índice pareça inexpressivo, os resultados foram considerados bons pela entidade. Por exemplo, o acesso às conexões de banda larga móvel cresceu 124%. As conexões em banda larga fixa chegaram a 7,5 milhões, um crescimento de 30,5%. Ainda assim, o índice de penetração de banda larga ainda está abaixo de países como o Chile, e longe do registrado nos Estados Unidos e na Coréia, por exemplo.

Outro ponto coberto pelo índice foi a cobertura da telefonia móvel, que chega hoje a 60% dos municípios brasileiros, atendendo a 91% da população, o que coloca o Brasil como o quinto maior mercado de telefonia móvel do mundo. Por outro lado, 40% dos celulares em funcionamento no país tem capacidade de navegar na internet, mas apenas 5% dos usuários contratam o serviço. “O problema aqui é a alta carga de impostos. Dos 65 bilhões de reais de receita de telecomunicações gerada em 2007, mais de 20 bilhões de reais foram pagos em impostos”, compara Nelson Worstman, um dos coordenadores do estudo.

A pesquisa apresenta outros dados, como o crescimento de 40% do e-commerce (9,5 milhões de usuários), do uso de e-banking (9,2%, com quase 30 milhões de usuários) e das compras do governo eletrônico, que cresceram 78,9% somente entre junho e julho do ano passado.

Por outro lado, o estudo aponta áreas deficientes, especialmente em iniciativas de inclusão digital, formação de mão-de-obra para TI e uso de tecnologia na educação. No primeiro caso o IBCD registrou apenas 22,2% dos domicílios brasileiros com acesso à internet e, no caso da educação, apenas 20% das escolas de ensino fundamental com acesso.

Quando se fala em formação profissional, a situação é mais crítica. Segundo o índice, o número de vagas em cursos relacionados à TI vem crescendo, mas o volume de matrículas e formandos não cresce na mesma proporção. No ano passado, por exemplo, o país contou com 322 mil vagas nos cursos de Ciência da Computação, Processamento da Informação e Automação. Destas, apenas 96,5 mil foram ocupadas por alunos matriculados e, destes, somente 35,4 mil chegaram ao mercado de trabalho.

A projeção do IBCD é que, em 2011, o Brasil forme cerca de 53 mil alunos nestes três cursos. Ao mesmo tempo, a previsão é que, até 2010, o país precisará de 520 mil profissionais de TI. “Sem educação, a indústria assume o papel de formação que seria do governo, mas isso só acontece com o mercado em crescimento”, disse Carlos Gil, lembrando que o setor público tem que assumir a função de formar profissionais.

Eduardo Squecola Sotana

Retirado de Fábio Barros, editor executivo do Computerworld

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