quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Como escrever (e sustentar) um bom currículo para vagas de web designer

Acho que o mais importante que este texto pode ter baseado no título é a parte do “sustentar”, o resto é apenas um detalhe. Escrever um bom currículo é sim muito importante, não menosprezo isso, mas sabê-lo sustentar é muito mais. Já tive acesso a dezenas de currículos de pessoas que diziam saber algo e não sabiam. De pessoas que colocavam certas informações que mais assustava do que interessava a quem estivesse analisando. Ouvi de amigos que já viram pessoas não serem contratadas por darem os “sinais errados” no currículo que enviaram. Pensando nisso resolvi escrever algo que pudesse ajudar quem procura emprego e quem está interessado em se tornar um web designer profissional.
O principal a ser sustentado é a parte que trata de conhecimentos. Uma coisa muito importante que todo profissional de TI sabe muito bem é que boa parte do conhecimento vem com a prática, mas ninguém quer contratar alguém sem conhecimento e sem experiência. Logo, como as pessoas o adquirem? Praticando é a resposta. Se você não tem muita experiência, procure ler os bons livros, fazer cursos e desenvolver sites de exemplos para praticar e mostrar o que você sabe. Se não sabe, corre atrás de XHTML e CSS mas não deixe de estudar usabilidade, tratamento de imagens, tipografia, um pouco (ou bocado) de javascript, procure entender como funciona as tecnologias de server side mesmo que não seja um programador. Saber bem como funciona é diferente de ser programador. Esta lista te daria um emprego inicial, mesmo não sendo especialista em nada ainda.
Ninguém vai te contratar como web designer se colocar no seu currículo que sabe java, php e asp.net. Esqueça se acha que isso vai impressionar. É melhor colocar no seu portifólio sites que possuam programação (se já tiver participado de um projeto assim) do que colocar experiência com banco de dados. Não que seja errado realmente ter conhecimento disso, mas são dois mundos distintos e você tem que escolher um. Todos esperam que você seja “web designer” e não programador e saber lidar com banco não é algo que terá que fazer parte no seu dia á dia. Muitos designers começam como freela, fazendo sites de pequenas empresas, amigos, etc. É uma boa forma de começar mas não deixe de estudar. Falando em estudar, estar na faculdade ou ter se formado é uma boa idéia e seria legal se fosse em algo relacionado com desenvolvimento para web. Estar cursando engenharia de alimentos não vai te ajudar em nada. Mas se você estudou outra coisa mas seu trabalho é muito bom e você demonstra realmente ter conhecimento naquilo que é necessário, acredito que você não vai deixar de ser contratado por causa disso (grita alguém daí se eu estiver enganado).
Ter conhecimento das ferramentas “exigidas” não é tão importante quando saber XHTML e CSS independente delas. Não deixe de enviar seu currículo mesmo que você nunca utilizou o Dreamweaver na vida por exemplo. Seu currículo não vai ser deixado de lado por causa disto, acredite. Mas ser muito bom em um editor de imagens (não tem como fugir disso) é muito muito importante. Espero que você saiba se virar bem. Se pegar um anúncio de empregos onde eles colocam que querem alguém que sabe DreamWeaver ao invés de “excelente conhecimento de HTML e CSS”, é mais fácil ainda pegar a vaga e revolucionar lá dentro.
Usabilidade, SEO e acessibilidade são conhecimentos que vão separar seu currículo do joio, e se colocar que você aplica microformats em seus projetos melhor ainda. Estes tópicos naturalmente já te separa do primeiro grupo de profissionais e é difícil ter chegado aqui sem nenhuma experiência. Sobre usabilidade, uma das melhores formas de provar isso é no seu próprio trabalho. Não adianta citar a palavra mágica se não tiver algo na prática para mostrar. Leia, estude e pratique muito. O mesmo vale para acessibilidade do seu HTML. É outro assunto que precisa correr atrás urgente se ainda o fez. E SEO é outra coisa que, mesmo que dê para dar uma olhada no seu código de HTML, seria melhor se fosse exemplificado. Para isso, seria bom que tivesse um site. Seria melhor ainda se digitassem apenas seu primeiro nome no Google e seu site pudesse aparecer em primeiro.
Manter um blog é algo que todo profissional antenado deveria arriscar. Blogs revelam muito sobre o tipo de profissional que você é, principalmente ser for sobre tecnologia. Blogs revelam se você sabe escrever, se é antenado em oposição a ser apenas alfabetizado. Se não sabe escrever é melhor que aprenda. Ninguém espera que você seja um Shakespeare, mas que pelo menos não seja alguém que não sabe se expressar bem com palavras. Talvez você está se perguntando o que isso tem haver com uma vaga de web designer. Mas saber se expressar bem demonstra que você é leitor de alma ou alguém que leu o último livro no primeiro grau. Há mais chances de você conseguir uma vaga demonstrando que é leitor não somente de livros técnicos do que o oposto.
Ainda sobre ter um blog, é nele que você vai colocar suas experiências profissionais, seu próprio portifólio. Tenha uma página separada para mostrar o que você já fez e os projetos que participou. Mesmo que nenhum tenha sido remunerado e que você ainda não tenha experiências profissionais formais, desenvolva sites de exemplos para demonstrar os conhecimentos que você possui. Isso é muito importante. Colocar referências onde você pode ser encontrado como Flickr, Orkut, lista de feeds ou OPML, Devian art etc, pode ser de interesse de algumas empresas e outras não. Mas se no seu orkut você fizer parte de comunidades como “sou nazista e odeio negros, homossexuais, nordestinos e mulheres” ou “sou cleptomaníaco, e daí?”, isso pode selar destino profissional pra sempre. Tome cuidado com isso.
Sobre o seu “design” também tem que ser legal, sem dúvida. A teoria é importante mas saber fazer é mais. Basta bater o olho no trabalho de alguém para saber se ele sabe trabalhar com cores ou não. Se somente sua família disse que as coisas que você faz na vida são “bonitas” e “legais”, desista. É interessante que você se aproxime de outros profissionais para avaliarem seu trabalho e ter um constante feedback. Faça parte de fóruns, listas e comunidades de web designers para colocar seu trabalho à prova se você não tem contato direto com outros profissionais. Design para web é muito diferente de impressos, por mais que você acredite que não. O tamanho dos elementos, a disposição etc, são completamente distintos. Um site é feito para “usar” e “navegar”, e isso é óbvio no primeiro contato.
Agora sim sobre o currículo propriamente dito. Se você está atrás de uma vaga para web designer, colocar que possui curso de Microsoft Word e Excel só vai demonstrar que você não sabe nada. Muito menos que tem curso de Windows e digitação. Isso vai revelar que você tem mais preocupação em convencer o RH de que você sabe usar um computador do que mostrar que você é um web designer competente. Deixe de fora do currículo aqueles empregos que não estão relacionados à vaga. Se você entregou pães na padaria da esquina até seus 18 anos ou trabalhou como engenheiro de aeronaves, colocar essas experiências profissionais não vão te ajudar a conseguir a vaga. Coloque somente experiências de trabalho como web designer. E se sempre trabalhou em casa como freela, coloque os sites que você mais se orgulha.
Seria legal que o mesmo currículo que você enviasse impresso (se for o caso) estivesse disponível online também. Coloque essa informação no topo do currículo informando que todas as urls na versão impressa estão facilmente clicáveis na versão digital que você deixou disponível na web. Se ao invés de currículo você preencher um formulário no site da empresa, coloque nas observações o endereço para o seu currículo e/ou portifólio, não se esqueça disso.
Informações falsas e mentiras sempre serão descobertas, acredite. E isso pode te manter bem longe de um emprego por um bom tempo se chegar a ser contratado e tiver que ser despedido por informações falsas. Se não sabe algo, não coloque. É melhor do que mentir. Saber uma língua estrangeira como o inglês é muito importante porque todos os bons livros e aqueles que realmente fazem a diferença para profissionais avançados estão em inglês. Se quiser ir longe não será possível sem o segundo idioma.


Eduardo Squecola Sotana

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